domingo, 29 de março de 2015

Aplicativo é aposta para estilo de vida sustentável

Aliar tecnologia às temáticas ambientais ajuda a conscientizar as pessoas

Por Rosangela Martins

O advento dos celulares smartphone tem propiciado um novo estilo de vida. É por meio desses pequenos, mas potentes dispositivos, que milhões de pessoas no mundo se conectam, criam relações e dispõem de uma infinidade de outros recursos. Tudo de maneira interativa e instantânea. É apostando neste cenário promissor, que surgem os aplicativos sustentáveis. Apesar de pouco conhecidos, os apps prometem ajudar a sociedade quanto às questões ecológicas, de consumo e de consciência ambiental.
                                                         Foto: Rosangela Martins
Aplicativos incentivam usuários a estilo de vida sustentável














No Brasil, as ações que aliam a tecnologia aos conceitos sustentáveis recebem apoio das ONGs (Organizações Não Governamentais). Uma das parcerias mais expressivas é a do Instituto Akatu com a FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos), cujo resultado fora o desenvolvimento de quatro aplicativos: “Nossa Água”, “Nossa Energia”, “Nossa Alimentação” e o inédito “Nosso Transporte”. Entre os motivos para o desenvolvimento dos aplicativos está à questão de vincular aquilo que faz parte do cotidiano com a necessidade de proteger o meio ambiente, como explica a Coordenadora de Comunicação do Akatu, Ana Néca. “É mostrar para as pessoas que elas podem ter ferramentas muito perto delas para conseguir mudar de comportamento. A tecnologia é uma das linguagens utilizadas para poder falar desse assunto.”

A facilidade de mudar hábitos e até mesmo estilos de vida por meio desses aplicativos ainda é algo questionado por muitas pessoas. Para a doutora em Educação com ênfase em Educação Ambiental, Ângela Martins Baeder, os apps devem trazer informações que contribuam neste aprendizado. “Os aplicativos podem dar soluções práticas dentro do cotidiano das pessoas. Mas isso não implica necessariamente na solução dos problemas. Se não mostrar, por exemplo, aonde nós retiramos aquilo que a gente usa e para onde que vão os resultados daquilo que a gente já usou, ou seja, o pós-consumo, então a gente está mais ou menos construindo uma ilusão”, ressalta Ângela.

Na linha dos aplicativos que ajudam a economizar água estão o já citado “Nossa Água”, o “Banho Rápido” e o “Sai desse banho”. Os três apps disponibilizam um cronômetro de banho que orienta o usuário quanto às etapas e a quantidade de água utilizada durante o processo. De acordo com a artista plástica e usuária do “Sai desse banho”, Margarida Medeiros, o aplicativo tido como ‘irritante’ se tornou sucesso, inclusive nas redes sociais. “O meu interesse surgiu quando eu estava olhando a minha rede social. Vi os comentários dos meus amigos acerca desse aplicativo e me interessei. Fiquei muito curiosa e instalei no meu celular. Tenho usado e estou muito satisfeita com o resultado”, conclui Margarida.

A lista de aplicativos é grande! Para quem prefere andar de bicicleta o aplicativo “Bike Sampa” oferece ao usuário uma lista com os pontos de aluguéis de bikes. Já o “Ride Joy” é para quem deseja ter o conforto do carro mesmo sendo sustentável. A plataforma serve para dar e oferecer carona. Agora se os números são a forma ideal para você constatar que o mundo precisa de ajuda, basta ter o "Pollution". O aplicativo coleta os índices de poluição do ar, da água e do solo. Já as crianças tem diversão garantida com o aplicativo  “Água pra que te quero”.

Mas se você tem dúvidas se esses apps são mesmo um sucesso, basta saber que, de acordo com o último levantamento feito pelo Instituto Akatu, o número de downloads de seus aplicativos chega a 44 mil. O “Nossa água” é o mais famoso deles, “são 22 mil e 2000 downloads entregues desde o lançamento”, afirma Ana Néca. O analista de suporte, Alessandro Lemos da Silva, é otimista quanto à nova tecnologia. “Eu acredito que vai ser uma moda que vai ficar. Utilizando o celular, o app, com certeza, vai conscientizar as pessoas”, conclui Alessandro.  


                                          

Terceira Idade é público em potencial para Intercâmbios Culturais

Com duração média de duas semanas, os intercâmbios unem curso de línguas, passeios e atividades culturais

Por Daniele Moreira 

Depois do casamento, emprego consolidado e filhos criados, intercâmbios culturais são uma excelente alternativa para pessoas depois dos 50. Isso porque, como o próprio nome diz, intercâmbio é uma troca. Seja de pequenas informações ou de uma cultura como um todo. Assim, é estimulante e importante para o bem estar dos mais experientes, que eles continuem aprendendo. “Quando você vai envelhecendo cada vez mais você precisa de estímulos para se manter bem, tanto cognitivamente, quanto emocionalmente. Conhecer uma nova cultura, um lugar que você nunca viu, traz muitos estímulos, explica Drª. Rosimeire Oliveira, psicóloga Mestre em Neurociência e Cognição.

                                      Foto: Arquivo Pessoal Ana Gorga
Ana Gorga, à esquerda, mostra seu certificado em Curso de Ensino dos EUA














Tal sede por aprendizado já pôde ser percebida pelas agências de viagens. “Sem dúvida a gente percebeu um crescimento desse público solicitando um intercâmbio no exterior. Nas nossas lojas, eles representam em torno de 10% dos nossos clientes”, pontua Beatriz Toledo, gerente expert em intercâmbio pela agência Experimento. “Entre os lugares mais solicitados estão os países da Europa, como Itália, Espanha e Inglaterra. Quando o foco são países mais exóticos, Ilha de Malta e Nova Zelândia se destacam.” continua Beatriz.

No entanto, foram os Estados Unidos, mais especificamente Nova York e Los Angeles os destinos escolhidos pela professora de Inglês de 59 anos, Ana Gorga. Já fluente no idioma estrangeiro, Gorga relata que o intercâmbio agregou profissionalmente “Fui para conhecer e passar o conhecimento para os alunos. Auxiliou-me na experiência em sala de aula”, conta.

Em outro país, o grupo da melhor idade tem contato com diversas nacionalidades: russos, chineses, japoneses e como intercambistas, os brasileiros também tem muito a compartilhar também. “Após alguns contatos e amizades que fazemos com estrangeiros não só nós nos interessamos pelas diversas culturas, mas eles se interessam muito pela nossa, grande troca de informações e experiências são feitas nesses momentos”, disse Jorge Maia também professor de Inglês, 55 anos.

Para quem ainda assim está receoso quanto à viagem, não há motivos para preocupação. As agências de viagem estão bem preparadas para auxiliar esse público, com programações específicas: “Eles são sempre orientados quanto à documentação, como agir localmente, sobre costumes e regras específicas. As atividades culturais são sempre adequadas para a idade deles. Não há nada que os coloquem em risco ou em alguma situação constrangedora. Assim, eles acabam aproveitando bastante”, conclui a gerente de viagens, Beatriz Toledo.

Se você deseja saber mais sobre o assunto, então não deixe de ouvir a Reportagem de Intercâmbio.
  
                                           

Profissionais ressaltam rumos da arte digital

Plataforma digital permite novo estilo de arte
Por Nathalie Marques
Persistir num caminho que nos leve há horas em frente a um computador, isolados do mundo, não é tarefa fácil. Aperfeiçoar a técnica e ter muita confiança é a melhor forma de concretizar um sonho e ter a confiança no sucesso. 

Marcel Nilo é um artista que trabalha na área digital inspirado pelo universo do cinema e da arte contemporânea, usa as novas tecnologias como um meio de dar forma às suas visões. “Eu tenho alguns artistas que eu sou fã e gosto do estilo e do tipo de coisa que eles fazem, eu particularmente, gosto muito de fantasia, personagens de fantasia, Senhor dos Anéis, Cavalo e o Dragão, RPG e os meus artistas preferidos são dessa área também”.

                                                        Foto: Nathalie Marques
Obra Parametric Expression, de Mike Pelletier

Desenho, modelação 3D e pintura digital, são apenas alguns dos recursos aplicados nas suas obras. Estas exploram várias temáticas e acabam por nos transportar para o mundo digital. ”Tem uma coisa que eu percebo que acontece nessa área que é muita gente que começa no digital, depois de um tempo acaba indo para o tradicional. E isso é uma coisa que tem acontecido comigo então, por exemplo, eu comecei com o computador eu desenhava a mão, mais eu comecei a trabalhar de fato com 3D”, completa Nilo. 

Sobre o mercado de trabalho da arte digital a Professora Marta Becker Villamil da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), ressalta a questão do homem com as novas tecnologias. “A arte digital esteve muito em evidência na década de 2000 a 2010 quando as tecnologias 3D, realidade virtual, de realidade aumentada e interação homem-máquina ainda eram novidade. Nesta época, museus de arte moderna no Brasil e no mundo apresentavam instalações de artistas que dominavam estas técnicas. No momento acho que este "boom" passou e só os artistas que traziam um verdadeira arte em seus trabalhos se mantiveram.” E para aqueles que estão dispostos a entrar nessa área a professor dá uma dica: “O importante não é apenas dominar a técnica, pois esta qualquer técnico em computação domina. O estudo da arte está acima da técnica. Acho que um caminho ainda em aberto seria algo relacionado a visualização do grande número de interações entre as pessoas via redes sociais”.

Para os adoradores da arte digital, a galeria principal do Red Bull Station recebe em maio deste ano  a exposição “Adrenalina”. A mostra sob curadoria de Fernando Velasquez, reúne as obras digitais de 16 artistas nacionais e internacionais. No local, os visitantes encontrarão projeções e telas, obras realizadas a partir ou com auxílio de recursos computacionais, é o que explica o curador. “Eu pensei em discutir um pouco essa questão da imagem em movimento, percebendo certa carência nesse tipo de trabalho no circuito artístico em geral, então foi um pouco unir o útil ao agradável, uma pesquisa que já existia só foi preciso afinar alguns detalhes e pensar numa temática que pudesse agrupar todos eles  num conjunto que fizesse sentido", afirma Velasquez.



                                         

Regulamentar mídia gera debates

Regulamentação da mídia abre discussões sobre liberdade e censura

Por Andreia França

As discussões a respeito da regulamentação da mídia surgiram no primeiro mandato do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, agora, na gestão da presidente Dilma Rousseff, o tema volta a ser debatido. Pelo fato de não ter uma marco regulatório que estabeleça quais devem ser as funções, direitos e responsabilidade destinados à mídia, muito tem se especulado, principalmente em relação à liberdade de expressão. 

De acordo com o Ministro das Comunicações Ricardo Berzoini, o objetivo é incentivar a regulamentação econômica, sem tocar no conteúdo da mídia em geral.

                                                        Foto: Andreia França
Nassif é um dos defensores da regulamentação
Para a Laís do Prado, advogada, especialista em direito eleitoral e mestranda em direito administrativo pela PUC-SP, a possibilidade desse tipo de interferência é mínima, principalmente por conta da lei vigente no país. “A regulamentação da mídia não representa um tipo de cerceamento de liberdade de expressão por que a própria liberdade de expressão, ela tem um limite e o limite está na própria Constituição Federal, que é a liberdade de expressão do pensamento, é vedado o anonimato. Ao menos que tenha uma PEC (Proposta de Emenda a Constituição), alterando esse tipo de dispositivo que poderá incluir ou excluir essa liberdade de expressão”.

Além dos aspectos legais, outro ponto importante é a divulgação da proposta a diversas classes da sociedade, como afirma a advogada. “Tem que ter um diálogo da regulamentação da mídia com o exercício do direito eleitoral com o fortalecimento do envolvimento das associações, jovens, jornalistas, profissionais liberais, até o próprio advogado com relação ao direito eleitoral para poder participar desse debate, para ter uma certa legitimidade sobre o que está se tratando. Mas o limite para o pleno exercício  do direito eleitoral  vai ser sempre a Constituição”.

No meio jornalístico as controvérsia persistem, principalmente com relação à censura de conteúdo e vetos de informações. Segundo Marcos Napolitano, Historiador e Doutor em História Social pela USP, essa mentalidade é fruto dos interesses da imprensa hegemônica. “A mídia, sobretudo a mídia comercial é contra, alegando que isso implicará em controle de conteúdo, ou censura. Como dizem, normalmente é este argumento que tem sido propalado sem maiores debates. Então não sei se é uma repulsa ou mais um debate muito mal formulado, uma desconfiança, sobretudo da mídia comercial, dos grandes jornais e das televisões”.

O jornalista econômico, Luis Nassif, um dos defensores da regulamentação ressalta que o problema está no modo como se interpreta alguns conceitos. "A informação jornalística ela está defendida pelas normas constitucionais da liberdade de expressão e liberdade de opinião. Mas veja bem, o direito constitucional é o direito da informação e do direito a liberdade de expressão. A mídia não é um direito, a liberdade de imprensa não é um direito em si, ela é um instrumento para que os jornais e a mídia cumpram com esse dever de bem informar e de abrir espaços para opinião”, explica. 
                                                                                                                                            
Mesmo sendo um dos pontos mais emblemáticos a liberdade de expressão não é um dos itens principais da regulamentação da mídia, como alerta Napolitano. “Ela enfoca três elementos centrais: a captação do capital estrangeiro na mídia, formas de convergência das várias mídias e o outro elemento é evitar o oligopólio e monopólio, ou seja, poucas pessoas dominem comercialmente as empresas de comunicação. Como é o caso brasileiro. Seis, sete famílias dominam praticamente 90% das telecomunicações do Brasil. Então, são três pontos que não tem nada haver com conteúdos, censura. Isso precisa ficar muito claro para que o debate avance e que não seja utilizado supostamente para defender liberdade de expressão, quando na verdade defendem interesse de algumas corporações”.
         
Neste sentido, Moises dos Santos, Jornalista e Doutor em Ciência da Comunicação pela USP, ressalta que embora diminuir a concentração de poder seja válida, aspectos negativos podem surgir. “O objetivo da regulação da mídia é dissolver  ou pelo menos amenizar o número de oligopólios e monopólios no Brasil, com a regulamentação, esses oligopólios e monopólios deveram se esvaziar e poderá surgir novos veículos de comunicação regionais em diversas regiões do país”, conclui.
         
Entretanto, Clayton Simões, Jornalista da UNIVESPTV (Universidade Virtual do Estado de São Paulo) acredita que apesar de existirem um público que é manipulado pelos meios de comunicação, sobretudo o que é preciso ficar alerto é não deixar que o que os meios de comunicação formem sua opinião. “Sim, tem veículos de comunicação que direcionam um público para um caminho só, porém, mesmo isso sendo ruim, quem tem que formar a opinião é o público, cada um tira uma conclusão se está certo ou errado. Se a mídia for regulamentada vai virar censura” afirma.
        
Sobre a regulamentação da mídia o Congresso Nacional da Câmara dos deputados  averigua o projeto de lei (PL 256/91) da Deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) a qual responsabiliza pela produção regional independente na TV aberta.
                             

Fabricação em baixa e “cofrinhos” em alta fazem moedas sumirem dos comércios

R$ 500 milhões de moedas estão em “cofrinhos”  

Por Rosangela Martins
As moedas nem sempre fizeram parte do cenário econômico da sociedade. Antes delas o comércio era realizado pela troca direta de produtos, o escambo. As primeiras moedas oficialmente brasileiras foram cunhadas em Salvador, em 1695. Mas o dinheiro metálico anda sumindo do mercado, cerca de R$ 500 milhões de moedas estão guardadas em cofrinhos.

                                                        Foto: Rosangela Martins
Cofrinhos tiram moedas de circulação














Ao longo da História, as moedas desenvolveram papel preponderante para o crescimento político e econômico do país, é o que defende o doutor em Economia pela Faculdade de Economia Administração e Contabilidade, José Carlos de Souza Santos. “As moedas metálicas elas tem uma função de geração de troco no comércio, nas operações de compra e venda de bens e serviços”. 

Segundo o Banco Central, atualmente, o dinheiro metálico corresponde a 3,1% da moeda em poder da população e da rede bancária. São mais de 22 bilhões de unidades no mercado. Apesar do número expressivo, o comércio tem sentido a falta de moedas, sobretudo por conta dos famosos cofrinhos, como explica o gerente da rede varejista Casas Bahia, Hernani Costa. “A falta de troco que afeta o varejo brasileiro vem muito do comportamento do consumidor. Desde a sua infância aprende a guardar as moedas e o fato também da Casa da Moeda do Brasil emitir menos moeda no ano passado, devido ao custo da emissão dessas moedas. No varejo atrapalha na hora do troco, gerando a insatisfação do cliente.”

Para sanar a dificuldade criada pelo hábito de juntar moedas, o economista José Carlos alerta que os comércios acabam adotando medidas que nem sempre são eficazes. “Você não ter o troco necessário acaba impedindo o comércio de operar normalmente, e eles, para que tenham a fluidez, acabam gerando algum tipo de substituto, e começam a transformar como substituto balas, ou qualquer tipo de mercadoria de valor baixo”, enfatiza José Carlos.
                                                        Foto: Nathalie Marques
Comércios oferecem brindes na troca de moedas

No entanto, a falta de moedas não é problema exclusivo dos comércios, de acordo com Eunice da Silva, operadora de caixa do Banco Itaú, até as agências bancárias já sentem o impacto dos cofrinhos. “Eu fico na dependência de pedir para os comércios. Eu peço no restaurante em que eu almoço para eles me darem algumas moedas para a gente trabalhar aqui. Às vezes, eu pego do meu cofrinho e trago. É uma dificuldade!”

Mas se juntar dinheiro metálico não gera lucro, por que tantas pessoas ainda mantêm as moedas presas? O que elas fazem com esse dinheiro? A resposta é surpreendente, porém os cofrinhos podem comprar coisas valiosíssimas. É o caso do pedreiro Alexandre Reis, que adquiriu um carro com essas moedas. “Custava R$ 14.500 o carro. Eu falei ‘será que eu tenho esse dinheiro nesse cofrinho? ’ Eu abri, quando eu comecei a contar, não parei mais de contar. Eu fui dormir era três horas da manhã, de tanto contar moeda. E não é que tinha o valor que eu queria. E ainda sobrou  R$ 300. Juntar moeda faz sucesso!”.

                                             

segunda-feira, 16 de março de 2015

Exagero nos treinos pode levar ao overtraining

Síndrome atinge atletas de alta e baixa performance

Por Elton Ribeiro

Para as pessoas que mantém um ritmo constante de treinamento, seja no ramo amador, seja no profissional, o rendimento é assistido de perto pelo praticante e a evolução sentida no próprio corpo. Quando constatado esse melhoramento, o atleta sente a necessidade de querer mais, de ir além da melhoria que seu corpo apresentou até então. É neste momento que o indesejável pode acontecer: a síndrome de overtraining.

                                                        Foto: Elton Ribeiro
Julio Jacopi: rotina de treinos provocou a síndrome
Ela consiste no ato de o atleta ultrapassar os limites permitidos pelo próprio corpo e a principal consequência é a perda significativa dos rendimentos obtidos e dos resultados conquistados pelo atleta. "É um conjunto de sinais e sintomas que retratam uma falência do organismo em suportar determinada intensidade de atividade física. O indivíduo vai perdendo a capacidade até o colapso total", explica o médico do esporte, Dr. José Marques. O atleta se sente incapaz de atingir os resultados que conquistou, em razão dessa espécie de ‘superutilização do corpo’.

O quadro clínico varia de pessoa para pessoa, de acordo com a intensidade de treinos ou até mesmo horas de descanso. "Alguns sintomas são: aceleração da frequência cardíaca, principalmente em repouso; frequência exagerada de lesões e também de infecções de vias aéreas superiores; distúrbios de sono e de humor e cansaço excessivo. Apesar da pessoa querer sempre fazer mais e mais." diz o médico.

Para o praticante de judô, Julio Jacopi, os primeiros sinais de que o corpo estava passando dos limites vieram junto com a brusca queda de rendimento. "Sentia que necessitava de mais, porém meu corpo não aguentava. A cabeça mandava que eu continuasse que conquistasse mais do que podia, o corpo não." diz. Para ele, o fato ocorreu devido à rotina intensa de trabalho somada ao alto grau de performance exigido nos treinos. "Estava em um ritmo alucinante, mal conseguia dormir direito. Mesmo assim, não deixei de exigir do meu corpo e deu no que deu." afirma.

Causa pode estar ligada a orientação física 

Quando falamos de determinado atleta - amador ou não - que deseja participar de uma competição, é impossível não falarmos na busca pelo êxito nos resultados. Um treino planejado e a orientação correta para cada caso específico afastam o risco de overtraining. "Pode ocorrer o erro na preparação e no estágio de treinamento em que o atleta está. De repente, seria só uma fase de adaptação - onde você só tem que ajustar técnica - e acabou-se exigindo demais do condicionamento físico." explica o Educador Físico Ricardo Bugartti.

Essa cobrança pode ocasionar o excesso de treinamento. "O atleta está disposto a fazer quase tudo para atingir esse resultado final, que é vencer a competição. Às vezes a pessoa faz mais do que deveria, desse modo ocorre a sobrecarga do treinamento dele por subestimarem a capacidade e a fase em que ele se encontra." diz Bugartti.

No entanto, a má recuperação após a prática dos exercícios é tida como a principal vilã dos atletas com risco de entrar em overtraining. "Seja em qual estância for, desde a pessoa que treina na academia do prédio até o atleta que compete, o importante é o quanto ele consegue se recuperar depois de um estímulo. O grande "x" da questão não é o quanto você estimula a pessoa, mas é adequar esse estímulo à recuperação e alimentação. O overtraining pode pegar todo mundo, é só não passar dos seus limites”, conclui.